Capítulo 12.
Bethânia
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Descemos as escadas de mãos dadas, meu coração disparado! Eu não conseguia acreditar no que eu estava fazendo. A conversa com minha mãe veio à minha mente e meu coração apertou. Ela tem razão! Eu preciso tomar muito cuidado com este garoto, ele não tem os mesmo princípios que eu, mas ele gosta de mim. Ele quer gastar mais tempo comigo. Ao cair a ficha de que ele queria passar um dia inteiro comigo fez meu coração derreter e um leve sorriso tomou conta dos meus lábios.
Ele abriu a porta da saída dos fundos e antes de sairmos olhou para mim e soltou aquele sorriso encantador. Os seus olhos verdes claro brilhavam de alegria, totalmente contagiante. Respirei fundo e atravessei a porta. Ainda estava cheio de gente do lado de fora, pois ainda faltavam alguns minutos para o sinal bater, por isso, nossa fuga escolar foi tão tranquila. Ao passarmos pelas pessoas elas nos encaravam - eu a novata da escola, um mistério para todos que me rodeiam… - ele, ah! Ele é um dos atletas mais conhecidos da escola e um GATO.
— Gato é pouco… esse menino estourou o nível de beleza do meu termômetro!
Oh! Finalmente a inter-Bê concorda comigo! Espero que não comece a chover porque estamos indo para um parque. Começo a rir dentro de mim.
Chegamos diante de um carro esporte preto, lindo! Antigo mais super atualizado! Ele pega minha mochila, abre o fundo do carro, e coloca não só a minha como a dele. Ao fechar, ele lê o nome do carro. É um Honda, Prelude. Isso não significa nada para mim, pois eu não entendo nada de carro.
Tendo roda e chegando onde eu quero, está ótimo para mim. Mark interrompe minha viagem ao pegar a minha mão e me puxar para perto dele. Ele me abraça e meu coração despenca… sério, eu literalmente me senti como se estivesse descendo em uma montanha russa. Ele olha dentro dos meus olhos e vem em minha direção. "Meu Deus! O menino vai me beijar!" Mas, não! Ele encosta a testa na minha e fecha os olhos. Uma sensação de alívio e tristeza tomam conta de mim.
— Obrigado, Bê! Eu sonhei acordado o dia inteiro ontem, planejando o nosso dia de hoje. Se eu tivesse que esperar o dia inteiro para sair com você só depois do treino, não seria tempo o suficiente para te conhecer melhor. E eu preciso te conhecer. Você é um mistério para mim. O que eu estou sentindo é um território desconhecido.
Ao terminar, ele dá um beijo em minha testa e me olha com aquele sorriso. Eu preciso dar um nome a este sorriso, depois vou ter que dar a ideia para as meninas.
Ele abre a porta do carro para mim e ainda segurando a minha mão me ajuda a entrar no carro.
— Sério?!?! Ela está abrindo até a porta do carro? Hummm ele está começando a ganhar pontos comigo, mas eu ainda acho essa ideia de sair com ele uma loucura. Sou 100% contra!
A inter-Bê tirou as palavras da minha boca! Meu Deus! De onde vem esse menino? Como minha mãe está enganada!
Ele entra no carro e dá partida.
— Preparada? — a alegria é nítida em seu tom de voz.
— Como jamais pensei estar! - coloquei o cinto e pisquei para ele.
Eu não estava me reconhecendo, uma adrenalina imensa, uma vontade de descobrir coisas novas, viver coisas novas! Era como se uma nova Bê estivesse ressurgindo dentro de mim. Fitei os meus olhos nele enquanto entrávamos na avenida que levava para o tunel que nos atravessaria para meu lindo estado, Nova York. Agora, lindo era esta imagem que estava diante de mim. Como pode um garoto desse querer passar o dia comigo?! Podia ficar horas ali só olhando pra ele. Acho que esquecer o … meu coração apertou. Não, melhor não pensar.
— Bem, me fala um pouco sobre você? O que você fez este final de semana em Pelham? Ele perguntou ao colocar os óculos escuros.
Eu fiquei muda! Não sabia se pela beleza dele ou sobre a memória do meu final de semana. Bem, precisava falar alguma coisa para ele.
— Ensaiamos uma dança nova para apresentarmos daqui a três semanas. Aproveitei bastante a minha avó, minha tia e fui em um “churras” dos jovens da igreja. Foi muito bom. Bem, meu Sábado não foi tão fácil, tive que dar adeus para um amigo de infância que foi estudar em um programa do Student Exchange. No Domingo, eu tomei café com as minhas amigas na nossa padaria favorita, pela tarde fiquei com a minha família, a noite fui para o culto e voltei para Nova Jersey! Nada muito interessante… e você?
Ele soltou um sorriso ao parar na guarita, olhou para mim e disse:
— Tudo em você é interessante Bê, você é diferente de todas as pessoas que já conheci. — ele pegou o dinheiro e deu para o homem que esperava sorridente. E entramos no Lincoln Túnel.
— Meninas, né? Eu sou diferente de todas as meninas que você já saiu. — indaguei e dentro de mim me senti mal por não ser única na vida dele, na vida do John, na vida de ninguém.
— Sim, senhorita Bethânia! Você é diferente de todas, e isso me intriga bastante. Você mexe comigo como ninguém antes.
Perdi o ar! Meu Deus! Nem acreditei no que ouvi, mas eu ouvi! Não estava ficando doida não! Para tentar acalmar as batidas cardíacas e me parecer menos com um tomate, mudei de assunto.
— Sim, e você não vai me dizer como foi o seu final de semana? — fiz uma cara de intrigada.
— Tudo o que você pedir. Bem, na sexta fui em um jantar com os meus pais em Manhattan e passamos em frente ao Central Parque, daí surgiu a ideia de trazer você aqui. No Sábado fiquei tramando como te convencer a vir… — ele sorriu e abaixou a cabeça com vergonha da sua certeira sinceridade.
— Eu nunca fui em igreja assim como você vai, meus pais vão só em ocasião especial, tipo velório, páscoa, coisas deste tipo. Sempre me perguntei se Deus realmente existe e se Ele existe porque até hoje nunca o encontrei. O meu Domingo foi tranquilo, joguei futebol americano com uns amigos e depois fui ao cinema com a minha mãe.
— Uau! Interessante te conhecer mais! Você é uma incógnita que eu quero decifrar. — declarei e fiquei feliz em ouvir que ele tinha curiosidade de conhecer a Deus.
— Quem sabe quando você for apresentar a dança na sua igreja eu possa ir. Amaria participar da sua vida!
— Eu acho que eu erraria tudo com você me olhando! Ficaria nervosa demais! — caí na gargalhada só de pensar na hipótese de ter essa piscina verde fixada em mim enquanto eu dançava. Uma catástrofe, sem dúvida.
— Porém, eu amaria levar você na minha igreja, amaria apresentar você aos meus amigos. — só falei isso porque dentro de mim eu tinha a plena certeza que o John não estaria lá.
— E a respeito de Deus, Ele existe! Para sua informação ele é acessível a qualquer um que O buscar.
— Como você sabe disso? — ele perguntou ao piscar para mim. Aff nem assim ele da uma trégua de me paquerar.
— Eu simplesmente sei! Desde de que nasci os meus pais me falam sobre Deus e o que ter Deus significa na vida de alguém. Eu converso bastante com Ele. Você deveria experimentar, é libertador. Sabe aqueles dias que você precisa falar com alguém e sabe que ninguém mais vai te entender? Pois é, Deus entende.
— Você já ouviu a Deus, Bê?
— Aúdivel, não. Mas, sinto muita paz quando falo com Ele. Eu escuto Deus através da Bíblia, mas tem pessoas que tem experiências profundas com Ele. Eu ainda não cheguei neste nível. Quem sabe um dia!
— Legal, quem sabe um dia eu também chegue lá.
Mergulhei em meus pensamentos. Ás vezes nem tudo estava perdido, eu poderia levar o Mark para igreja e assim os meus pais o aceitariam. Seria perfeito!
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Ao chegar no parque ele estacionou o carro e me pediu para esperar. Correu do outro lado e abriu a porta para mim.
— Assim você me acostuma mal. — brinquei com ele.
— Tudo pra te agradar, Bê.
— O que acha de um piquenique? — ele perguntou ao tirar do banco de traz uma cesta e uma manta.
— Você realmente planejou o dia de hoje.
— Cada segundo! Espero que seja como eu planejei! — ele sorriu ao pegar na minha mão e começar a caminhar.
Chegamos em um local maravilhoso, embaixo de uma árvore com a vista para o lago. De tirar o fôlego.
— Aqui! Exatamente aqui! — ele sorriu ao estender a manta.
O ajudei e sentamos. O assunto fluía sem dificuldade. Histórias da nossa infância, das nossas famílias, da nossa adolescência. Estava um dia maravilhoso. Mark abriu a cesta e começou a tirar frutas, queijos e bolachas de dentro.
— Bem, eu tenho algo a mais para te perguntar. — ele falou e dessa vez ele ficou vermelho.
— Manda ver! Estou pronta! — sorri ao ajeitar as pernas. Graças a Deus naquele dia resolvi usar uma roupa confortável. Jeans e uma blusa básica com uma jaqueta leve.
— Você já namorou? — ele fechou os olhos tentando disfarçar a vergonha que ele estava de invadir a minha vida sentimental.
— Não! — respondi e por incrível que pareça não senti vergonha na minha resposta.
— Você? — virei a mesa nele, mesmo tendo a certeza dentro de mim que sim.
— Bem, namorar sério e levar para conhecer os meu pais nunca! Mas, já tive namoricos na escola.
Meu coração doeu mais, eu tentei disfarçar para ele não perceber.
— Antes que você pergunte vou logo te falando… sou virgem, pretendo continuar sendo por um lonnnngoooo tempo, provavelmente até eu me casar, mas não sou BV. — meu Deus! O que foi isso! De onde veio este desabafo. Me assustei e percebi que eu não fui a única! O Mark parecia ter engasgado com a uva que estava comendo.
— Uau! Por essa eu não esperava, mas ainda bem que você adiantou e não foi preciso eu perguntar. — ele soltou uma gargalhada.
Eu fiquei roxa de vergonha!
— O que é BV? — ele indagou.
— Você não sabe?
— Não! Sou suposto saber?
— Sei lá, é porque já estou tão acostumada que acho que todo mundo sabe. BV é boca virgem, quer dizer que já beijei antes.
— Hummmm, entendi! — ele não conseguiu disfarçar a tristeza que se formou no rosto dele. Homens e suas loucuras territoriais.
— O passado realmente não importa Mark, eu quero é viver o meu presente e o meu futuro! Quero viver o hoje! Com você!
Ele abriu um sorriso, aquele que eu preciso achar um nome, que me faz perder o rumo. Para tentar disfarçar os sintomas que ele causava em mim, comecei a comer o lanche que ele trouxe. Ao terminarmos, ele se levantou e me estendeu a mão.
— Vamos?
— Onde? — perguntei intrigada e com um sorriso gigantesco no rosto.
— Você vai ver… — ele me puxou e fomos em direção ao lago.
Ao chegar lá ele pagou para darmos uma volta no bangalô. Entramos, e eu, claro amei a ideia porque sempre achei Veneza lindo! E agora eu estava me sentindo exatamente lá… na cidade do amor! Com um príncipe maravilhoso e lindo. Naquele momento tudo ficou fosco e só ele estava nítido para mim. Me apaixonar por ele vai ser fácil! Eu não tinha dúvida. Ao chegar no meio do lago o Mark finalmente quebrou o silêncio.
— Eu planejei cada momento deste passeio, porém, o que eu não planejei foi o meu nervosismo ao estar ao seu lado. Você tira o meu fôlego, Bê, mexe com todo o meu discurso. Os seus olhos me encantam, a sua integridade e sinceridade me desarmam. Se eu puder escolher, eu escolho passar o dia olhando pra você. Você é linda, incrível, meiga e totalmente encantadora. — ao dizer isso ele se aproximou de mim e encostou o nariz no meu.
Eu gelei! Frizei! Perdi o rumo! Perdi as palavras! Tudo passou em segundos na minha mente. Medo, alegria, uma vontade de correr dali, uma vontade de ficar, eu estava totalmente confusa, mas ao mesmo tempo eu queria viver esta experiência. E foi aí que ele me beijou.
No começo foi estranho, me senti invadida, confusa, com um aperto no coração! Senti uma sensação de perigo! Mas, ignorei e o beijei de volta e a partir daí foi lindo, mágico. Exatamente como eu imaginei que seria. Nada mais importava ao meu redor, todos os meus sentidos estavam na doçura que os seus lábios traziam aos meus, no seu cheiro arrebatador que fazia os meus pulmões queimarem por dentro. O Mark olhou dentro dos meus olhos e eu jamais imaginei que ele iria falar o que falou.
— Bethânia, eu realmente estou gostando de você. Você aceita namorar comigo?