Capítulo 2.
John
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“Ela é muito nova! Ainda não é o tempo! Por quantos anos você pretende namorar com ela? Vai impedir que ela viva os sonhos que ela descreve com tanto entusiasmo. Acorda, John! Ainda não é o tempo!”
John passou as mão sobre o seu cabelo e se levantou para se arrumar e tentar esquecer mais um sonho que não se realizou... mais um dia sem a Bê.
“Já está na hora de me acostumar... este sentimento se torna cada dia mais impossível. Ainda mais depois da burrada que fiz no verão.” Ele pensou ao colocar o celular em cima da cômoda.
Todas às vezes que conversava com a Bethânia se sentia mais sufocado. Ele não conseguia mais segurar o sentimento que parecia explodir dentro dele. Mas, John não tinha coragem de se abrir com ela, ele tinha medo de perder a amizade cultivada há mais de oito anos. Ao olhar no espelho do banheiro, a sua mente viajou naquele dia quente de verão…
A igreja tirou o domingo para levar os adolescentes na praia. A Bê estava linda, cheia de vida!
— Médica! — ela falou com um sorriso radiante!
— Médica? — a Rita indagou — Você vai ficar presa na escola, e só vai sair de lá de dentro para assinar contrato com outra prisão... o hospital! Esqueça o termo "sono da beleza", viu! Porque dormir vai ser a última coisa que você vai fazer! — ela soltou uma gargalhada ao fazer um movimento de pensamento concluído com o braço.
— Quando você ama algo, os sacrifícios são feitos por amor... o resto a gente enfrenta! — Bê levantou a cabeça com um ar de maturidade.
— Cala a boca! Quantos anos você tem? O que você fez com a minha amiga? Devolve ela agora! — Lucy brincou ao bagunçar o cabelo da Bê.
— To só brincando, Bê! Isso mesmo! Estuda muito! Alguém tem que cuidar de mim quando estiver bem velhinha e nada melhor que uma amiga médica. — as duas se abraçaram, enquanto a Rita começou a jogar areia de praia nelas.
— Se você não parar, vou ligar pro Lucas, heim? — a Bê deu um aviso ameaçador para a Rita.
— Deus me livre! — ela ergueu as mãos ao clamar em voz alta olhando para o céu.
— Eu vou é sair daqui! Porque o clima entrou no deserto, e de deserto eu estou correndo minhas lindas! Escutem a voz da experiência - nada de namoro. Adolescente não foi feito para namorar. A nossa líder está certa... é um caminho onde o coração só leva paulada! Deixa eu ir lá no mar refrescar a cabeça porque só o nome deste menino ferve o meu cérebro. — ela finalizou ao pegar um pique correndo em direção à água.
— Eu vou lá. Do jeito que ela é se afoga no mar! — Lucy levantou e saiu correndo atrás da amiga.
— Médica, heim? — John perguntou.
— Ah! É um sonho... pode ser que se torne realidade! — Bê respondeu com um sorriso.
Segura a onda Bê, ele é lindo… mas, é igual a beleza do mar, tira suspiro, mas você não pode se entregar pra não morrer afogada.
Ela se deitou de barriga pra baixo do lado do John pra não ficar cara a cara com ele. Já tem um bom tempo que ela não consegue encarar o John, ela sabia que era um sentimento impossível e tinha que fazer de tudo para não dar mole.
— O segredo é seguir o conselho da Rita. Focar nos estudos. — ele à alertou, mas dentro dele surgiu uma dor que era nova porém, necessária. A dor de enfrentar um futuro sem a Bê.
— Capaz que você está na onda da Rita? Não é possível, que lá no colegial você não tenha conhecido nenhuma menina que arrebatou o seu coração? — ao perguntar ela sentiu um nó na garganta e percebeu que os seus olhos se encheram de água. Abriu a bolsa da Lucy e colocou os óculos dela rapidamente, assim seria mais fácil se a resposta arrancasse lágrimas de seus olhos.
— Claro que não! — a resposta dele foi direta e seca.
“Como ela pode pensar isso de mim? Mais um prova de que eu não passo de um amigo para ela. E pelo menos isso, eu não quero perder.”
— Meu Deus! Só fiz uma pergunta! Não precisa ficar nervoso não. — ela respondeu assustada com a reação dele.
“Com certeza ele está gostando de alguém, eu conheço o John como ninguém. Ele está mentindo pra mim. Senhor! Me ajuda, ele está mentindo para mim, ele tem alguém.”
O coração dela quase saiu pela boca de tanto que acelerou. Ela ficou sem ar! Queria sumir! Não sabia o que fazer!
"Calma, Bê! Calma, deixa para sofrer em casa.”
E em uma coragem que só surgia quando ela estava no aperto, ela virou para ele.
— Eu te conheço como ninguém, John! Você está mentindo para mim. Quem é a menina que está tirando você do sério? Já tem um tempo que você mudou! Poxa, John! Eu sou sua amiga, somos quase irmãos, não tem motivo para você esconder de mim.
Como se tivesse levado um choque, o John se levantou da toalha de praia em um segundo.
“Ela me conhece mesmo! Mas irmãos? Ah não, aí ela pegou pesado demais, amigo tudo bem, mas irmão é demais para mim. Irmão tira todas as possibilidades da minha vida de ficar com ela!”
Sem pensar ele saiu chutando areia em direção contrária.
“Onde já se viu, irmãos! Que absurdo! Irmãos da igreja tudo bem, porém, ele sabia que não foi esse tipo de irmão que ela quis dizer.”
Bethânia se levantou o mais rápido que pôde e saiu correndo em direção ao John.
— Irmãos Bethânia, você falou irmãos! Pirou foi? Porque irmão é a última coisa que você quer ser desse garoto! — Bethânia virou os olhos ao ignorar a sua brilhante consciência, que só abre a boca quando tem que ficar calada!
— John? John? Espera, por favor! Me desculpe! Eu não quis te chamar de mentiroso. Me perdoa!
Ela gritava enquanto corria atrás dele. Seu coração quase parou quando ele virou. A vontade no coração dela era de se lançar nos seus braços e chorar ao dizer que algo mudou dentro dela em relação à ele. Algo que ela não conseguia explicar, que fazia o coração dela pular uma batida toda vez que ela o via, e que o sorriso dele acendia uma chama dentro dela. Porém, ela não tinha coragem de falar!
— Bê, eu que tenho que te pedir desculpas! Eu fui grosso com você! Não tinha necessidade de ter agido daquela forma! É que eu ando muito confuso ultimamente.
Ela o acompanhou e os dois começaram a caminhar na praia.
— Eu a conheço? — ela perguntou com o coração quase na mão. Mas ela precisava ouvir, pois só assim ela ia colocar um ponto final nesta confusão que o coração dela se transformou.
— Eu não quero falar a respeito! — ele respondeu com a cabeça baixa.
— Por quê não?
— Porque doe demais falar sobre isso.
— Sai daqui! Corre! Não deixa ele te machucar. Você não precisa saber de mais nada… corre garota!” — A sua mente estava a mil por hora tentando decidir se continuava a conversa ou se saia correndo dali.
— Por que dói? — ela perguntou decidida que se a única possibilidade de ter o John por perto era como sua amiga, era isso que ela iria ser. Aliás, é exatamente isso que ela sempre foi e será... amiga do John.
— Porque decidi que eu estou muito novo para gostar de alguém, tenho que focar no meu futuro. Na minha educação e na minha vida espiritual. As outras coisas acontecerão no tempo certo. O meu coração vai ter que entender isso e abrir mão deste sentimento.
Ele não acreditava nas palavras que acabaram de sair de sua boca. Como ele conseguiu contar a verdade sem realmente contar a verdade! Ou foi a ideia mais genial que ele já teve ou a maior burrada da sua vida. Porque agora ela estava achando que ele gostava de outra pessoa, quando na verdade, a menina que estava bagunçando com seus sentimentos estava ali diante dos seus olhos.
Linda! Nem parecia real, a brisa fazia os seus cabelos ruivos dançarem. Ela tirou os óculos e seus olhos azuis estavam cheios de água. O coração dele partiu e a vontade era de puxá-la para seus braços... sem pensar, John a abraçou. Eles ficaram ali por alguns minutos, abraçados, sem falar uma palavra. Ela soltou primeiro, passou a mão no rosto dele e antes de sair ainda com lágrimas o confortou.
— Você é uma pessoa maravilhosa, o melhor amigo que qualquer pessoa pode pedir a Deus. Jamais quero perder a sua amizade. Vou lutar com tudo o que sou para continuar a nossa amizade! Porque um amigo como você não se encontra em qualquer esquina. — com um sorriso e uma lágrima, ela saiu dali.
E ele ficou ali, sem palavras diante daquela declaração de uma amizade sem fim, ficou ali, olhando-a se distanciar cada vez mais até entrar no mar e mergulhar. E ali ele decidiu desistir de Bethânia Smith por aliança à sua amizade.
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John despertou de seus pensamentos com o barulho do celular. Quando checou era um torpedo da Bê.
Bê: Boa Sorte no primeiro ano de colegial de vocês (menos pra você John, que é sortudo e já está no segundo ano), o meu primeiro dia não será o mesmo sem vocês. Nos vemos, hoje à noite. Ainda bem que hoje é sexta, né?
O coração dele disparou e ele pensou... Eu tomei a decisão certa, pelo menos, a tenho ainda como amiga! Eu não suportaria perder a Bê de vez. Com um sorriso nos lábios, ele começou a responder.
John: Bê, se cuida, por favor! Depois te ligo para saber todas as novidades! Por favor, não esquece de mim aí não, viu? Nos vemos mais tarde! ;)
John pegou a primeira roupa que achou no armário e saiu o mais rápido que podia para escola.