Capítulo 7.
Bethânia
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A reunião foi rápida. Falaram sobre os horários de treino e sobre as competições. Eu não conhecia ninguém do time, mas estava tão ocupada com um certo loiro nos meus pensamentos, que nem me preocupei em conhecer ninguém.
“Não se preocupe! O nosso primeiro beijo vai ser especial! Jamais em uma quadra lotada de curiosos. Vai ser mágico e você nunca vai esquecer.” Essa frase se repetia em minha mente como um cd riscado, e em cada repetição meu coração tremia só de pensar em beijar o Mark. As meninas não acreditarão, este final de semana seria a resenha pura de onde e como o meu primeiro beijo seria.
Meu Deus! Meu primeiro beijo.
— Pois é! Seu primeiro beijo! Acho que este beijo está prometido não é verdade? E também acho que está muito cedo para ter o seu primeiro beijo.
Lutei para ignorar a minha amiga-inimiga íntima. Será que algum dia na vida o meu cérebro vai parar de pensar por si? Será que algum dia nessa vida eu não vou ter que viver essa briga interior?
— Claro que não! Eu sou você em uma versão melhor.
Ha ha ha, versão melhor... realmente esta foi para abalar as estruturas de uma pessoa sana. Desisto, eu devo ter um parafuso a menos. Tenho certeza! Porque uma pessoa normal não briga consigo mesma.
Finalmente, a minha mãe deu o ar da graça! Achei que me deixaria esperando a tarde inteira.
— Bê!!! — tia Emma gritou ao abrir a porta do carro e correr em minha direção.
— Tia Emma! Não acredito! Você por aqui? — pulei no seu pescoço de tanta alegria.
— E quem você pensa que vai te levar para Nova York hoje... Claro que sou eu meu amor! Sua tia favorita.
— Hey! Vocês duas vão ficar batendo papo aí fora? Já estou me sentindo solitária aqui no carro. — minha mãe falou ao fazer biquinho e colocar metade do corpo para fora da janela.
Entramos no carro e toda a atenção estava em mim. Elas queriam saber tudo, sobre o meu primeiro dia de aula. E eu contei quase tudo, só não revelei um certo deus grego que só por um lindo milagre era meu vizinho de armário.
As horas pareciam não passar e a minha tia parecia esquecer que eu tinha ensaio em uma hora. Andava no meu quarto de um lado para o outro. Mandei várias mensagens de whats para as meninas e para o John, mas ninguém me respondeu. Eu não tinha ideia de como tinha sido o dia deles, e eu não via a hora de contar em detalhes para as meninas sobre o meu dia.
— Bethânia? Você está pronta? — minha tia gritou do primeiro andar.
Peguei a mochila que estava com as roupas que usaria no final de semana e desci correndo. Dei um beijo na minha mãe e prometi umas dez vezes que me comportaria e obedeceria a vovó.
— Te amo! — ela falou com o olhos cheios de lágrimas.
— Também te amo mãe. Não chora, eu só vou ali na casa da vovó! Depois de amanhã você me vê. — passei o dedo em uma lágrima que rolava sobre o seu rosto.
— Eu sei! Eu é que sou chorona mesmo! Te vejo no Domingo! Qualquer coisa me liga! Sabe que é só pedir que te busco. Só não vou amanhã a noite porque tenho o jantar do trabalho do seu pai para ir. Mais uma vez, se comporte heim?
— Até parece! — minha tia interrompeu me puxando pelo braço. — Essa menina é um anjo, não faz nada. — deu uma risadinha e uma piscadinha de leve para mim.
Entramos no carro e pegamos estrada. O tempo inteiro cantávamos em voz alta as músicas que passavam na radio. Pegamos um pouco de tráfego e nem deu tempo de passar na casa da vovó. Ela me deixou direto na igreja, que era dois quarteirões da casa da vovó.
— Não se preocupe em me buscar, eu vou andando com o John e as meninas. Te vejo mais tarde tia! — sai do carro ao mandar um beijo e entrar correndo na igreja.
O ensaio já havia começado, e logo vi as meninas. Pedi desculpas e fui logo para a minha posição soltando aquele sorriso pra as minhas parceiras de crime. Repetimos a música umas vinte vezes. Ainda bem que faltavam umas três semanas para a apresentação.
— Bom meninas, por hoje é só! Não esqueçam de praticar em casa! — Sara falou ao dar as mãos para a oração final. Sara é a líder do ministério de dança há um ano e tem sido uma experiência maravilhosa tê-la como líder.
Ao terminar a oração olhei ao redor e percebi que o John não estava na igreja. Todos os meninos que vinham na sexta para ficar ali conversando e se preparando para o culto de jovens estavam presentes menos o John. Fiquei sem entender.
— Rita! Você sabe onde o John está? — perguntei ao lhe dar um forte abraço. Estava com muita saudade dos meus amigos.
— Ele não vem hoje, disse que tinha umas coisas para resolver. — ela respondeu e percebi que havia algo de errado.
— Como assim? Ele não veio me ver? Poxa, ele parecia estar com tanta saudade hoje no telefone. — a tristeza era notável em meu rosto e uma dor chata parecia apertar o meu coração.
— Acho melhor você se acostumar a ficar sem o John, coloca o seu foco no garoto novo… que aliás eu quero saber detalhes. — Rita falou a colocar a minha mochila nas costas e me puxar pelo braço.
— Como assim Rita? Você está me deixando confusa.
— Ela só acha que está na hora de você esquecer o John. E para isso você precisa se afastar um pouco dele. — Lucy falou ao me pegar pela cintura e me dar um beijo no rosto.
— Eu não preciso me afastar do John! Vocês estão loucas? Só de pensar em não ver mais o John meu coração dói. Eu não vou me afastar dele e meu coração vai ter que se acostumar a tê-lo como amigo. E pelo o que eu vi hoje estou começando a melhorar. — respondi muito nervosa. Saí brava na frente... e elas vieram atrás me chamando.
— Imagina, me afastar do John! Que ridículo! Jamais! — resmunguei em voz alta.
— Desculpa, Bê! É que a gente só quer o melhor para você! — Lucy colocou o braço na minha cintura.
— Vocês falaram alguma coisa com ele? Ele está me evitando, tenho certeza! Pois de manhã estava tudo perfeito e depois da aula mandei várias mensagens e ninguém respondeu. E ele sempre responde! O que foi que vocês falaram para ele? — perguntei super nervosa.
— Nada! Não falamos nada! Você agora desconfia da nossa amizade com você é? — Rita falou colocando as mãos na cintura e batendo o pé. Ela só faz isso quando está muito nervosa.
— Não Rita, desculpa! Não sei o que aconteceu! Acho que esperava ver o John hoje. Estava com saudade e daí vocês começaram com este papo de não ver mais o John e me assustei. Só isso! Acho que a distância de todos vocês ainda me machuca. — falei e lágrimas rolavam no meu rosto.
Elas me deram um abraço tão forte, que caímos na grama da frente da igreja. Levantamos e fomos caminhando para a casa da vovó e comecei a contar para elas tudo sobre o meu novo assunto favorito... Mark. Mesmo que por dentro algo me incomodava por causa do John.
— Ele falou o que? — Rita gritou na calçada e todas começamos a rir. Ela nem me deixou responder e disparou a falar novamente.
— Mentira! Eu acho que eu vou ter que mudar para Nova Jersey para achar um pedaço de mal... quero dizer bom caminho desses. Eu daria tudo só para ter a emoção de ter um garoto falar assim comigo! Ai, ai, ai, acho que vou ter que sentar para não passar mal. — Ela literalmente sentou-se no meio da rua.
— Uau, achei que você não queria mais namorar Rita! O que aconteceu? — Lucy perguntou ao estender a mão para ela se levantar.
— Bem, namorar não vou mesmo! Mas, quem disse que não posso sonhar que um loiro, alto, forte e de tirar o fôlego de tão lindo declare que o beijo que ele me dará será inesquecível? Heim? Quem disse que não posso? — todas rimos das bobeiras da Rita.
Ao chegar na casa da minha avó nos despedimos e a tia Emma foi levar as meninas em casa. Eu não acompanhei porque a vovó estava com muita saudade de mim, e, claro, que eu também estava morrendo de saudade dela. Conversamos um pouco e eu fui para meu quarto. Tirei as roupas da mochila e guardei na cômoda para não amassar e mandei uma mensagem para o John.
Bê: Senti sua falta! Quer me matar de saudades é? Onde foi parar o valor da amizade? Brincadeirinha... mas e aí? Que passou?
Enviei e coloquei o telefone no meu coração com a respiração pesada de medo dele estar me evitando.
— Sabia que eu não estava louca! Você ainda arrasta um caminhão pelo John!
A doce Bê intrometida resolveu me encher novamente. Mas, como eu precisava refletir no turbilhão de coisas que aconteceu hoje, resolvi bater um papo comigo mesma.
“Não sei o que fazer para esquecer este menino! Tem um gato que parece ter pulado de um filme de Hollywood me dando bola e eu aqui preocupada se o John está me evitando.” Lágrimas começaram a rolar no meu rosto.
— Eu acho que você devia arriscar... contar tudo para ele. E se der certo - maravilhoso.
“E se não der... Se o John me deixar? O que é que eu vou fazer?”
— Bem, se não der certo a gente segue o conselho da Rita e muda o foco!
“Deus, me ajuda Deus! Estou em uma briga interior gigantesca. Eu sei que os meus problemas de adolescente devem ser minúsculos diante de todos os outros problemas que são colocados diante de Ti. Eu nem queria colocar essas coisas diante de Ti, mas minha líder disse que tudo aquilo que está entristecendo o nosso coração devemos levar diante de Ti. Por isso me ajuda!” Nem acabei de orar e ouvi o barulho de mensagem! Meu coração quase desmanchou de alívio!
Era do John!
John: Oi, Bê! Desculpa por não responder suas mensagens! O meu dia foi bem corrido e tive que resolver um monte de coisas com a minha mãe. Amanhã te explico melhor.
Bê: Tudo bem, sem pressão! Rs! Nos vemos amanhã de manhã, certo?
John: Só a noite, Bê! Tenho muita coisa para resolver amanhã! Se der passo aí a tarde! Boa noite!
Meu coração gelou! Agora, eu tinha certeza de que alguma coisa estava errada! O John estava diferente comigo. Até o jeito de falar estava estranho. Sem pensar mandei outro torpedo.
Bê: Fiz alguma coisa errada? :( Está bravo comigo?
Não tirei os meus olhos do celular até ver a resposta aparecer na tela.
John: Não, Bê! Imagina! Não estou bravo com você não, só não estou legal e tenho muita coisa para resolver amanhã. Boa noite!
Fiquei olhando para tela uns dez minutos. Não tive coragem de responder, mesmo ele falando que não, eu tinha certeza de que algo estava errado. Nunca imaginei que o meu dia terminaria assim! Estava tão feliz, e agora lágrimas rolavam no meu rosto sem nenhuma vontade de parar. Deitei na cama e fiquei ali muda, olhando para o nada... chorando!