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Capítulo 8.

Bethânia

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O dia passou devagar demais! Fui ao parque com as meninas pela manhã, e disse que estava cansada e não queria sair pela tarde. Marcamos de nos encontrar às quatro, para nos arrumarmos e irmos para o churrasco dos jovens.

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Na realidade, eu queria estar em casa a tarde para esperar o John, caso ele resolvesse aparecer. Eu não ficaria tranquila enquanto não olhasse nos olhos dele e visse que tudo estava bem.

 

            — Você vai ficar sentada na varanda a tarde toda, Bê? — minha avó apontou a cabeça na janela da frente com um sorriso de derreter qualquer coração de neta.

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— Já vou entrar, vó! As meninas já devem está quase chegando.

 

            — Fica lendo esse livro não minha linda, ele te deixa triste! Vem comer um bolo delicioso que a vovó preparou para você.


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Com um sorriso eu respondi:

 

            — Preocupa não vovó, logo, logo o livro volta a ficar bom! — levantei da cadeira e entrei lutando para fazer uma cara mais animada, bom seria se a minha tristeza viesse do livro!

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Estava começando a comer, quando a campainha tocou e sem esperar alguém abrir, a Rita entra com uma cara de a “festa já vai começar!”

 

            — Oi, vó! Tô entrando viu? Só toquei a campainha para não te assustar! — eu e minha avó despencamos a rir da Rita.

 

            — Desculpa, dona Sally. A Rita tem um parafuso a menos e hoje ela não tomou o remédio dela. — a Lucy entrou e fechou a porta.

 

            — Que isso meninas, casa de avó sempre tem espaço para mais um. — minha avó falou ao levantar para pegar mais xícaras e servir o café para elas também.

 

Foi um tempo gostoso e a Rita fez a bondade de tirar várias gargalhadas da vovó! Subimos para tomar banho e nos preparar para o churrasco dos jovens. Depois de prontas, me despedi da vovó e saímos para o parque,  local do evento.

 

            — Hummm! O rosto está até melhor você não acha Lucy? Isso deve ser alegria de ver o amor impossível! — Rita brincou ao começar a atravessar a rua.

 

            — Deixa de chatice Rita! A Bê só precisava descansar um pouco e pronto! Ela está novinha em folha! — a Lucy me defendeu ao mostrar língua para Rita!

 

            — Ainda bem que tenho uma amiga de verdade do meu lado — falei ao virar a cara para Rita e quando menos esperava, ela pulou em mim e me deu um beijo na bochecha.

 

            — Você sabe que eu te amo! Só tô querendo te animar gata!

 

            — Ummm, acho que não vai precisar não, Ri! Olha só quem está chegando no parque. — A Lucy falou ao apontar para o John.

 

Ainda estávamos à um quarteirão do parque, mas já dava para ver o John. Meu coração se alegrou só de vê-lo de longe! Ao nos aproximarmos, ele veio logo me abraçar e eu me senti aliviada! Como era bom sentir o abraço do John!

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— Que cheiro gostoso que está o seu cabelo, Bê! — ele falou ao dar um beijo na minha cabeça.

 

            — Obrigada! É da tia Emma! A Rita e a Lucy acabaram com o do meu banheiro e tive que pegar o dela emprestado.

 

            — Olha que absurdo! Para a sua informação o shampoo já estava acabando viu? — a Rita se defendeu prontamente.

 

            — Hey! Aqui gente, venham para cá! — a voz da Sara nos chamou a atenção para uma mesa um pouco distante de onde estávamos.

 

Caminhamos até a mesa e o John o tempo todo com o braço no meu ombro! Eu não reclamaria! Estava era feliz da vida! Tudo parecia estar normal. Sofri uma noite à toa, porque não passou de grilos sem noção. O churrasco foi uma delícia e a Sara falou sobre a vida de José e das decisões de obediência a Deus, que ele havia tomado mesmo em meio à pessoas que não acreditavam no mesmo Deus que ele. E que em meio ao sofrimento Deus o honrou e o fez governador do Egito! Ficamos ali por mais um tempo e quando quase todos já tinham ido embora o John se levantou.

 

            — Rita e Lucy, o Jean vai levar vocês para casa, e eu vou levar a Bê porque preciso conversar com ela. — ao falar ele estendeu a mão para mim.

 

Meu coração gelou, mas sem questionar dei a mão para ele e olhei para as meninas disfarçadamente com uma cara de “que raio de conversa é esta?”. Elas olharam para mim com uma cara estranha! Tentando não dar na cara, me despedi de todo mundo e começamos a caminhar em direção da minha casa.

 

O John ficou em silêncio por um bom tempo, e eu nem ousei quebrar o silêncio! Estava sem reação! Quando na esquina da rua da minha avó ele finalmente deu o ar da graça.

 

            — Bê, não sei nem como te falar o que tenho que te falar. Mas, vou ter que falar! Amanhã eu estou viajando para Albany! Eu fui aceito no programa do Student Exchange.

 

Minhas pernas ficaram bambas e perdi totalmente a noção do tempo. Fiquei em choque por alguns segundos.

 

            — Bê… fala alguma coisa! — John perguntou ao segurar os meus braços.

 

            — A..A…Albany? — lutei para o som sair pela minha boca.

            — Sim. — ele abaixou a cabeça ao falar.

 

            — Quanto tempo? — perguntei para tentar arrumar o turbilhão de coisas que passavam pela minha cabeça.

 

            — Três mêses. — dava para perceber a tristeza em sua voz.

 

            — TRÊS MÊSES??? — gritei ao empurrar os braços dele dos meus.

 

            — Bê, vai passar rapidinho. — ele colocou os braços novamente.

 

            — Rapidinho? Rapidinho nada. Há quanto tempo você está escondendo isso de mim?

 

            — Desde ontem. Na realidade apliquei no verão, mas não imaginei que seria aprovado e quando fui aprovado minha mãe ficou insistindo e ontem decidi ir.

 

             — Você aplicou no verão? NO VERÃO, John??? E nenhuma vez durante todo este tempo você se lembrou de dizer - Oi Bê, minha amiga. Eu apliquei para um programa que vai me levar para bem longe de você por um bom tempo! Não!!! Você esperou a última noite para me avisar que vai viajar e ficar três mêses fora. — empurrei ele e sai andando em direção à casa da minha avó.

 

Eu estava com tanta raiva, mas tanta raiva que estava com vontade de dar um soco bem no meio da cara dele.

 

            — Bê, espera, por favor! — ele veio andando rápido atrás de mim e eu não parei por nada.

 

Ao chegar na frente da casa da minha avó eu vi que estava tudo escuro. Provavelmente ela não havia chegado da casa da amiga dela e a tia Emma devia estar com os amigos em algum lugar. Decidi esperar o John e conversar mais um pouco.

 

            — Bê, me desculpa. Eu deveria ter falado com você desde o início. A questão é, eu não falei! Mas, eu não quero viajar com você brava comigo. Por favor, Bê, me desculpa!

 

Meu coração estava apertado só de pensar que ficaria sem ver o John por três meses. Sem pensar, me lancei nos seus braços em lágrimas e o abracei com toda a minha força. Eu não podia deixar ele ir sem falar com ele sobre o que eu sentia. Mas como eu falaria pra ele? Ele estava indo embora! Eu não poderia falar. Não! E se ele não aceitasse, esta revelação poderia acabar com a nossa amizade. Eu não deixaria isso acontecer só porque o meu teimoso coração decidiu se apaixonar pelo meu melhor amigo.

— Vou sentir sua falta! — ele interrompeu a minha briga interior ao limpar uma lágrima que descia sobre o meu rosto.

 

            — Eu também. — respondi com a voz meio trêmula e me perdi no olhar de amor que o John tinha.

 

Não tem como negar! Eu sou perdidamente apaixonada por este menino. Quando olho nos seus olhos, me sinto segura! Tenho certeza que ao seu lado seria feliz. Não me sinto perdida, mas me encontro em seu olhar, como se olhar a minha imagem dentro dos seus olhos fosse o calmante que trazia paz ao meu coração.

 

            — Eu não sei como vai ser o programa, mas o tempo livre que eu tiver ligo para você! Vai passar rapidinho. — ele interrompeu meu momento "realização".

 

            — Espero… — lutei para não chorar mais do que já estava chorando.

 

            — Você é muito especial pra mim, Bê! — ele falou ao me abraçar bem forte e meu coração disparou. Ah como eu amava estar nos braços do John. Ah, se eu pudesse escolher… ah se o meu futuro dependesse só de mim.

 

            — Você também! Mais do que imagina! — tomei força para repondê-lo. Ah se ele soubesse o quanto ele era especial para mim.

 

Ele olhou nos meus olhos intensamente por uns segundos e eu me encontrei em seu olhar mais uma vez.  Ele deu um beijo na minha testa e falou:

 

            — Tenho que ir. Amanhã saímos bem cedo. Se comporta, viu! Nada de aprontar! Se cuida. Se este garoto não te tratar bem você me avisa, viu? — ele falou com os olhos cheios de água.

 

            — Que garoto? — perguntei sem entender.

 

            — O tal garoto que você conheceu na escola! — fiquei chocada, como ele sabia disso. Meu Deus que vergonha!

 

            — Como você sabe disso? — perguntei meio sem graça.

 

            — Viu como eu não sou o único que esquece de contar algo! Eu estava jogando um jogo no celular da Rita, quando apertei o botão de voltar e sem querer eu vi a sua mensagem.

 

            — Oh! entendo! Não é nada não, coisas da cabeça de uma adolescente boba! — fiquei meio sem saber o que falar, então, dei uma de que não era nada.

 

            — Mas, mesmo assim cuidado, a gente nunca sabe o dia de amanhã. Cuide-se, não entrega esse coração para qualquer um não!

 

            — Pode deixar! — Ah se ele soubesse que se eu pudesse o meu coração seria só dele.

 

            — Agora, tenho que ir, se não minha mãe me pega. — ele me deu um beijo no rosto e começou a caminhar em direção à casa dele.

 

Eu fiquei ali igual uma boba vendo ele ir embora, imaginando como seria três meses sem o John em minha vida! Uma tristeza enorme tomou conta de mim, um nó na garganta, uma vontade imensa de chorar.

 

Do nada ele virou e começou a voltar em minha direção. Quando chegou mais perto ele falou:

 

            — Só mais uma coisa…

 

Me puxou pela cintura ao ponto do nosso corpo encostar um no outro e me beijou com toda intensidade. Eu não sabia o que fazer, então, o beijei de volta.

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Meu coração disparou e minhas pernas ficaram moles. Uma felicidade imensa tomou conta do meu coração, eu me entreguei aquele beijo com todo o amor que sentia pelo John. Eu estava vivendo um sonho! Eu estava nos braços do amor da minha vida e ele estava me beijando. Um beijo suave e intenso que me fez sentir vontade de chorar de tanta alegria. O beijo foi intenso e durou alguns minutos. Minutos que desejei que não acabassem nunca, mas ele terminou e sem se afastar sussurrou:

 

            — Promessa para mim é dívida. Te prometi que o seu primeiro beijo seria comigo. Agora, quando te perguntarem quem foi o teu primeiro beijo você vai poder dizer - com o meu melhor amigo! — me deu mais um selinho intenso e saiu.

 

Eu fiquei ali parada igual uma porta. Dentro de mim uma vontade imensa de correr atrás dele e implorar para ele não ir, uma vontade de dizer que o amava e o beijar novamente. Mas, as minhas pernas não tinham forças e as palavras dele ecoavam dentro de mim - melhor amigo.

 

Não tenho idéia quanto tempo fiquei ali parada, sem reação. Sentei no chão da calçada e chorei. Chorei por tudo o que senti durante o beijo, da certeza que pairava em meu coração que eu ainda amava o John mais do que eu podia imaginar.

Chorei pelos sentimentos maravilhosos que senti ao ser beijada por ele, uma segurança fora do comum. Segurança que ao lado do John meu futuro seria perfeito. Chorei pela tristeza que desceu como gelo sobre o meu coração ao ouví-lo dizendo que aquele beijo foi um beijo de amigo, que foi dado para pagar uma promessa.

Me lembrei da promessa que fizemos um para o outro no começo da nossa adolescência, logo após a ministração da Sara sobre o "Primeiro Beijo". Como deveríamos  guardar o primeiro beijo para alguém especial e não entrarmos na nova onda do "ficar", onde o beijo havia se tornado algo sem importância. Ela falou de como seria maravilhoso salvar o nosso primeiro beijo para o nosso esposo. E ali decidimos que seriamos o primeiro beijo um do outro. Mal ele sabia que eu decidi porque sonhava em me casar com ele, e não simplesmente pelo fato do meu primeiro beijo ser com alguém importante na minha vida!

 

Suspirei e decidi entrar antes que a minha avó chegasse e me enchesse de perguntas. A última coisa que eu precisava agora era ficar falando da minha noite sem poder falar do momento mais louco da minha noite. Nem para as meninas eu liguei, queria ficar em silêncio revivendo aquele momento maravilhoso!

 

O John me beijou!!! Meu Deus ele me beijou! Comecei a pular como uma louca no quarto! 

 

Ele me beijou!!! Ahhhh! Ele me beijou! Subi na cama e comecei a pular e sorrir.

 

Ele me beijou!!! 

 

ME BEIJOU!!!

 

Caí deitada na minha cama e pensei novamente: Ele me beijou!

 

            — Sim! Já entendi que ele te beijou! Coloca no Facebook! Espalha no Twitter, posta no Instagram... mas faz o favor de mencionar que VOCÊ não foi capaz de fazer nada! NADA!

 

Meu Deus! Me ajuda! E não é que no fundo é isso mesmo que eu penso! A minha fantástica amiga interior tem razão! Eu não fiz nada! Esta era a minha chance e eu perdi! Eu não posso ligar para ele e falar agora! Ainda mais por telefone! Mas como eu falaria... ele mesmo disse beijo do seu melhor amigo!

 

            — Onde já se viu, Bê, ninguém beija melhor amigo na boca assim não!!

 

Desta vez você está errada minha brilhante consciência porque se ele sentisse algo por mim, ele me falaria. Aliás, pensando bem, se ele teve a coragem de me beijar o que o impediria de se declarar para mim?

 

NADA!

 

Então, se a primeira coisa que ele falou depois de um momento tão intenso foi que era o meu melhor amigo, é porque é assim que ele me vê! E somente assim... como amigo! Eu fui é certa de não falar nada com ele! A melhor coisa que faço é esquecer o John!

 

            — E como você pretende fazer isto minha querida?

            — Simples! — respondi para mim mesma em voz alta ao levantar da cama e caminhar em direção ao espelho do banheiro.

 

            — Eu vou me apaixonar pelo Mark Jones!

 

Pisquei e soprei um beijo para o espelho ao me preparar para tomar um belo banho para espairecer.

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© 2019 Priscila Passoni

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