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RITA

Antes do sinal do último tempo da aula tocar, um barulho bem conhecido tocou na minha bolsa. Levei um carão dos alunos, mas a Sra. Wilson me deu um leve sorriso me liberando pra atender.

 

— Meu Deus! Ele lembrou que tem uma irmã. — falei bem baixinho ao atender o telefone e passar aquela olhada na sala pra ver se tinha algum curioso bisbilhotando a minha conversa.

 

— Mal me atendeu e já vai reclamar? Realmente não muda né? Como vc está pirralha?

 

— Estou na aula! Não tem relógio mais não, é?

 

— Verdade, ainda estou confuso com o fuso horário. Em quanto tempo posso te ligar?

 

— Relaxa, a aula já está acabando e a professora deixou atender o telefone.

 

— Legal, e aí? Como vocês estão? E os coroas? Como estão?

 

— Nada mudou! Tudo na mesma. Ah! Espera, uma coisa mudou, o nome da amante do papai.

 

— Mentira? Você tá brincando comigo? Ele não voltou a fazer isso! Não é possível! Um ano e meio de paz.

 

— Petter, eu queria que não fosse verdade, mas é! E já te adianto, não adianta você vir pra cá, porque entramos naquele ciclo vicioso de sempre. Estamos na fase da descoberta, a mamãe briga, chora, bebe tudo o que tem de álcool em casa e esquece que existe outro mundo fora do quarto. Ele não aguenta a pressão e some! Há duas noites que não dorme em casa. Ele veio ontem pegar alguns papéis da empresa e eles brigaram feio! Hoje quando acordei ela estava no quarto jogada ao lado de uma garrafa vazia. Eu não sei o que fazer e dessa vez decidi que não vou me envolver! Até hoje tenho pavor só de lembrar o caso dele com a corretora. Dessa vez não quero saber nada dela, só sei o nome porque a mamãe gritou pros quatro cantos ontem.

 

— Eu vou ligar pra ela, e se ela disser que eu tenho que voltar, eu volto!

 

— Ela não vai dizer! Nem adianta insistir! Ela até agora não me falou nada, eu sei porque ouvi a briga ontem e na realidade já estava desconfiada, pois ele não voltou pra casa duas noites atrás.

 

— Vou tentar! Se cuida e olha, preste bem atenção no que eu vou falar. Não se envolva! Cuide dela, mas não se envolva! Não vai fazer loucura, heim? Até hoje eles pagam o empréstimo pra pagar o concerto do escritório da Betty!

 

— Olha Petter, você não me lembra desse nome. Não quero saber dessa corretora em minha vida! Eu quero focar em mim, nos meus estudos! Quase perdi de ano naquela vez! Não vou me prejudicar dessa vez.

 

— Okay! Que pena, eu tinha uma notícia pra te contar, mas acho que agora não é o melhor momento.

 

— Conta logo! O sinal já bateu e todos já saíram. Tenho que ir, mas agora não consigo porque estou curiosa. Me anima vai, que novidade é essa?

 

— Estou namorando!

 

Fiquei muda! Sem saber o que falar. Como assim?! Meu irmão namorando! Sempre achei ele tão cabeça, focado nos estudos.

 

— Hey, tá viva? Não acredito que está com ciúmes?

 

— Imagina! O posto de ciumento da família é seu gato! Você sabe o que é andar nos lugares e conversar com pessoas sem ser monitorada? Sabe né? Eu também sei, desde de que você foi pra Califórnia, eu estou livre! — dei uma risada alta e a Sra. Wilson me olhou assustada, acho que ela nem viu que eu ainda estava na sala. A vida de quem senta nos fundos é que ninguém te nota.

 

— Olha lá, hein? Não vai aprontar Rita!

 

— Querido, volta a música que o assunto é a sua nova namorada.

 

— Te ligo mais tarde, vou te enviar uma foto e à noite te ligo pra contar mais detalhes. Não fala pra mamãe, deixa que eu falo!

 

— Tá bom!!! Te amo, seu chato! Só não sinto sua falta quando preciso usar o banheiro, fora isso, você faz muita falta!

 

— Eu também te amo, sua doida! Te ligo à noite!

 

Desliguei e nem tive tempo de pensar, pois as mensagens estavam quase saltando do telefone! As meninas estavam me procurando pra irmos para o colegial! Saí desesperada e nem dei tchau pra Sra. Wilson, quando estava no meio do corredor decidi voltar pra dar um tchau. Doida, só posso ser doida mesmo!

 

— Sra. Wilson! — acho que minha voz saiu alta demais pq ela se assustou.

 

— Diga querida! — ela tirou os óculos de leitura e desviou o olhar dos papéis.

 

— Só queria dizer tchau! É feio sair sem dizer tchau né? — ergui a mão e quase caio pois estava pendurada com o corpo no umbral da porta, só a cabeça visível pra ela.

 

— Tchau, Rita! — ela respondeu ao balançar a cabeça rindo, colocou os óculos e voltou a atenção para os papéis. Eu, hein?! Eu só não quis ser mal-educada!

 

Dava passos largos pra tentar chegar logo no armário, mas também não ia correr igual uma desesperada no corredor! Cumprimentei os colegas e tentei ao máximo ser rápida quando me paravam pra conversar. Joguei os livros e a mochila no armário, peguei a bolsa e fui para o banheiro do corredor principal. As meninas estariam me esperando lá. Assim que cheguei na porta, a Lucy começou a encrencar.

 

— Um dia Rita, você aprende chegar no horário! Vamos nos atrasar!

 

— Oh Lucy, você tomou purgante querida?! Porque tu tá chata hoje, viu! — coloquei a bolsa no balcão e comecei a tirar de dentro a maquiagem, o perfume e a blusa que eu trouxe pra usar.

 

— TPM, amiga!!! — a voz da Bê veio de dentro de um dos banheiros, a porta abriu e ela saiu, linda!

 

— Tá linda, gata! Blusa nova? Amo quando você usa branco. E esse cabelo? Não é a toa que o boy tá sentindo falta do Ruivão! — ela me ignorou colocando a mão aberta na altura do rosto!

 

— Fala com minha mão vai amor!

 

— Fala nada! — Lucy colocou as mãos na minhas costas e me empurrou pra dentro do banheiro. — troca rápido, pois todas estamos a fim de ver uns gatinhos hoje!

 

— Hummmm, ela está de TPM e bem saidinha hoje, Bê!!! — ela bateu a porta na minha cara antes que eu pudesse terminar a frase. Troquei rápido a blusa pra poder ir retocar a make e ajeitar o cabelo que graças a um chuveiro disponível pela manhã estava lindo e cheiroso!

 

— Gente!!! — saí do banheiro gritando e assustando elas pra variar. — tenho um babado pra contar pra vocês. Bê, prepara pra segurar a Lucy, pois vou falar da paixão platônica dela. — Lucy revirou os olhos ao finalizar o batom na boca!

 

— Petter está namorando! — soltei e arregalei os olhos esperando reações.

 

— Que legal, Ri. Agora ele tem outra garota pra pegar no pé. — Bê falou ao jogar o que restava de maquiagem no balcão dentro da bolsa.

 

— Sério? Mas, ele está lá não tem nem um mês! — Lucy falou ao colocar a mochila no ombro.

 

— Sim, gata! Eu sei! Mas, você sabe né? Petter não sabe ficar sem pegar no pé de alguém, como eu não estou lá, achou outra! Tadinha, dá até pena.

 

— Essa é a primeira namorada dele? — A Bê perguntou enquanto me esperava retocar a maquiagem.

 

— Não. — Lucy respondeu rapidamente. — teve aquela menina na 8ª série, lembra, Ri?

 

— Oh, se lembro! Deus me livre de um outro tribufu daquele, o menino é bonito gente, mas o bichinho errou feio.

 

— Ciumenta, nem um pouco né, Ri? — Lucy falou ao passar e encostar o quadril dela no meu. — A menina era bonita sim.

 

— Acho que estou lembrando dela! Era bonita mesmo. Larga de ser ciumenta, Ri!

 

— Eu, hein! O foco aqui é a Lucy, ela que tem que estar ciumenta, não eu meu bem!

 

— Eu? Gente, não se preocupem comigo! Vocês já sabem como eu sou segura nas minhas escolhas. Deus sabe exatamente a minha listinha que tá no óleo.

 

— Oh crente, viu! Cuidado, um dia eu dou um jeito de abrir essa listinha do óleo! — abrimos a porta do banheiro e o corredor já estava vazio.

 

— Pode abrir querida, já deve estar tudo borrado, quero ver você decifrar.

 

— Sabe o que eu quero decifrar? — Não consegui segurar o queixo que foi parar na barriga diante do que estava vendo.

 

— O quê? — A Bê perguntou.

 

— Aquele garoto que está vindo em nossa direção ao lado do John.

Já conhece a história da Bethânia?

Não??? Tá esperando o que???

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Me ajude a divulgar a história da Bê e da Rita! Vamos alcançar o máximo de pessoas possíveis! Conto com vocês!

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© Bethânia, meu amor! 

Livro de Ficção 

© 2019 Priscila Passoni

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