04
RITA
O jogo não foi muito favorável, porém nos divertimos bastante! Eu mal podia esperar pra entrar no colegial. Era um universo incrível, e o melhor de tudo é que eu não estaria sozinha, as minhas amigas estariam ao meu lado! Olhei ao meu redor e a energia deles me contagiava, os sorrisos, as amizades, os crushes, as conversas... tudo chamava a minha atenção. Principalmente, o novato, ah... a cada segundo com o Lucas meu coração saltitava. Ele entendeu o meu recado e não tentou mais nada, é lógico que as piadinhas aqui e ali não podiam faltar, as cantadas baratas que mesmo assim mexiam comigo! Eu precisava de uma nova aventura pra esquecer o que se passava em minha casa.
Quer ajuda? — Lucas perguntou ao erguer a mão com uma cara de “não sei se posso fazer isso, mas quero ajudar”.
— Obrigada! Vai ser mais fácil descer a arquibancada me apoiando em alguém! — respondi ao dar uma piscadinha pra ele. O rosto dele iluminou ao liberar um sorriso gigante! Aí meu coração, o novato está me dando bola de verdade! Ao chegar no final da escada, ele em vez de soltar a minha mão me puxou pra perto dele.
— E o nosso sorvete amanhã? — ele realmente não brinca em serviço.
— Okay! Mas... — olhei pra ele com uma cara de “você não vai gostar”.
— Mas... — ele insistiu e colocou a sua outra mão sobre a minha que ele já segurava delicadamente.
— Você vai estacionar o seu carro na minha rua e vamos andando, não me sentirei à vontade em um carro sozinha com você!
— É uma boa caminhada, mas eu vou amar caminhar ao seu lado! — ele me devolveu a piscadinha e acompanhado de uma leve gargalhada concluiu — Você é uma garota interessante, uma hora doce, outra azeda!
— Você não tem ideia! Ainda mais agora que me chamou de azeda! — saí caindo na gargalhada!
— Hey, não acerto nem quando brinco com você! — ele falou um pouco mais alto ao apertar os passos pra me acompanhar.
Abracei a Lucy e tentei disfarçar que estava amando esse joguinho! A Bê e John nem percebem, pois não prestam atenção em outra coisa a não ser neles mesmos! Acho que estavam com saudade um do outro, só pode! Sussurrei no ouvido da Lucy:
— Esses dois não vão dar conta nunca né? Se amam e nem percebem!
— Vão sim! Vai chegar uma hora que vão ter que colocar pra fora o óbvio! — Lucy sempre torceu por esses dois! Eu também não posso negar, mas o John é devagar demais! Chega dá raiva!
— Ihhhhh, só se for ano que vem, porque agora em escolas diferentes a Bê vai ficar com as inseguranças dela e não vai falar nada. — dei uma checada no Lucas que conversava com o John sobre o melhor caminho de deixar todos em casa.
— Ri, eu acho que a Bê é tão insegura nos sentimentos dela que morre de medo de confundir o que ela sente pelo John! Você acredita que ela me disse semana passada que ela e o John não dariam certo como casal? E que ela acha que prefere ter ele como amigo pra vida inteira do que arriscar um relacionamento sem futuro? Ela nem descobriu o que realmente sente ainda!
— Aí, aí gata... enquanto ela fica nesse namoro/amizade dela eu vou é conquistar o gato que caiu no meu quintal! Você acredita que ele me chamou pra tomar sorvete amanhã?
— Mentira??? — Lucy arregalou aqueles olhos claros pra cima de mim!
— Verdade! E digo mais... eu disse que sim! — arregalei meu olhos de volta pra ela.
— Você é doida! Mal conheceu o menino! — ela me encarou com aquela cara de mãe Lucy que manda na vida de todos nós!
— Amore, relaxa pra não dar rugas! Você é tão nova pra ter que fazer botox! Eu sou doida, mas nem tanto! Ele vai deixar o carro na minha casa e vamos caminhando pela calçada como pessoas civilizadas! Dois “amigos” — levantei os dedos simbolizando aspas — indo tomar um sorvete! Que mal tem nisso? — retruquei!
Ela me ignorou total, foi caminhando na frente e encostou na porta do carro do Lucas! Cheguei perto dela com cara de confia em mim amiga! Ela tentou ignorar e não conseguiu... balançou a cabeça e me abraçou sussurrando — Doida! — Eu só sabia gargalhar desse jeito tão mãezona dela!
—
Enquanto o Lucas nos deixava em casa contei tudo pra Bê por mensagem! Agora que ela estava no carro a atenção voltou para as amigas! Eu fui a primeira a ser deixada em casa, o que era óbvio, pois a minha casa era a mais perto da escola. Antes de sair, disfarçadamente, entreguei um papel para o Lucas com o meu número de telefone e o horário que ele podia me pegar! Não sei de quem eu estava escondendo, mas era mais divertido assim! 💁🏽♀️ Me despedi de todos e acenei pra ele quando o carro se distanciou. Assim que coloquei a mão na maçaneta meu coração apertou! Eu tinha passado o dia todo fora e já estava começando a escurecer, eu não tinha ideia do que encontraria ao entrar. Abri a porta com cautela e olhei ao redor da sala... ninguém!
— Ritaaaaa. — a voz da minha mãe veio da cozinha! Meu coração gelou, pois eu já conhecia aquele tom de voz! Ela estava bêbada.
— Oi, mãe! — Respondi ao entrar na cozinha toda desconfiada.
— Que bom que você chegou minha filha, eu preciso de você! Tem outra mulher tentando roubar o seu pai de mim, nós vamos lá meu amor, vamos descobri tudo dessa mulher! Eu já descobri onde ela mora e nós vamos lá! Se tiver família... vamos logo contar tudo! Ela tem que sair da nossa vida. — meu coração despencou! Toda alegria foi sugada de mim instantaneamente, ela estava tomada banho, mas já tinha borrado a maquiagem ao chorar! Com uma taça de vinho na mão, ela tentava ajeitar a bagunça que estava na cozinha.
— Mãe, tenta descansar, depois vemos isso! Deixa eu te ajudar com essa cozinha, vai deitar um pouco. — falei ao pegar a taça de vinho dela.
— Não, não e não. — ela falou ao encostar a cabeça no meu ombro e despencar a chorar. — Você precisa me ajudar, eu não tenho ninguém... só você. O seu irmão está do outro lado do país e não tem como me ajudar! Eu perdi todas as minhas amigas por causa do seu pai! Eu preciso de você meu amor... eu só tenho você! Não me abandona!
— Okay, mãe! — tirei o rosto dela do meu ombro e tentei limpar o rímel borrado — Eu vou tomar um banho e vou com você. A levei para o sofá e falei que lavaria a louça, e depois tomaria um banho. Ela resmungou o tempo todo sobre o que ela havia descoberto enquanto eu lavava a louça, assim que terminei ajeitei umas coisinhas extras e fui para o meu quarto! Ela não desistia, continuava me contando aumentando o tom de voz pra que eu continuasse a ouvir do meu quarto. Joguei a mochila na cama e peguei a minha toalha. Voltei para o corredor e entrei no banheiro, tranquei a porta, liguei o chuveiro no máximo e me entreguei aos prantos. O desespero estava entalado desde o momento que a vi na cozinha.
Me ajude a divulgar a história da Bê e da Rita! Vamos alcançar o máximo de pessoas possíveis! Conto com vocês!